Arrependimento


por Luiz Henrique Matos

Deus não é como nós. Ele não se ofende, não se ressente, não fica com raiva quando traímos sua confiança. Ele vê o nosso erro e engole seco, sente a dor do pai que não quer ver seu filho caminhando em direção à própria destruição. Ele chora em silêncio, sozinho e lamenta.

“Ahh, meu filho… como eu gostaria que você não tivesse feito isso.”

E às vezes até esperamos que ele nos castigue. Queremos uma bronca dura, um tapa na cara, uma indulgência algo que nos faça pagar pelo erro que cometemos e, de alguma forma, nos alivie o remorso.

Mas ele não faz. Ele é sempre melhor do que nós. O amor é sua essência e ele se compadece, ele perdoa, estende os braços esperando para nos abrigar, morre em nosso lugar para nos dar de volta a vida. Ele paga o preço da nossa culpa.

E isso dói. Dói o sentimento de remorso, a afiada lâmina da culpa nos rasgando por dentro, a humilhação do nosso orgulho ferido. Como é amargo o gosto da consciência do erro, A cruz de Cristo parece uma luz ofuscante demais, para a qual não conseguimos mais olhar.

“Pai, se for possível, me perdoe! Errei outra vez.”

Então, mais uma vez ele chora. Mas de alegria incompreensível. Então, o pai faz festa para o filho perdido que regressa. Ele não quer nada em troca, ele só nos quer de volta. Ele limpa a casca de sujeira que nos envolve, nos dá água fresca e comida quente, prepara um descanso numa cama macia. E abrigados em seus braços, ele ainda nos chama de amados, ele cala a nossa voz e sussurra sua canção de ninar

“Não diga, não diga nada… Minha graça, minha graça é o que basta.”

Sentado em sua imensa cadeira de balanço, o pai está feliz vendo sua criança que agora dorme. Porque o filho que caminhava distante e perdido em direção à morte voltou para casa.

E os anjos silenciam e observam. O exército do céu cerca a singela cena, são testemunhas do amor vivo, são os olhos eternos contemplando a razão de o mundo ter sido criado: o homem em sua condição de filho dependente e o Pai… o Deus que só quer ser amado.

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2 comentários sobre “Arrependimento

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