por Luiz Henrique Matos
Clichês. Algumas pessoas vivem em clichês, como se a vida fosse a letra de um pagode. Outras, são tocadas por eles e acreditam em frases prontas como guias para suas vidas, como se apresentações em PowerPoint fossem escrituras sagradas. Tem gente também que simplesmente não liga e passa pelos dias, livros, filmes e canções simplesmente sem notá-los. E a essa gente do meio, todos chamam de frios, tanto os pagodeiros de uma ponta quanto os outros, na ponta oposta da balança, que odeiam os clichês, que se arrepiam com uma citação óbvia, que fingem nem pensar assim de vez em quando, que preferem fazer de conta que nunca viram um capítulo da novela das oito ou que não se encantaram, lá na adolescência, com uma banda juvenil.
Mas o fato inegável e irrefutável é que sendo ou não algo tão obvio e simplório, a vida tem das coisas simples e das eruditas. Tem, no fundo no fundo, o sentimento comum de cada homem por aquilo que não se explica, pelos gestos instintivos e primitivos dos quais não podemos fugir e precisamos admitir que, sim, que toda mulher se arruma para encontrar o grande amor, se deslumbra com algum perfume, seja qual for, que se derrete ao receber uma flor. E que todo homem se impõe, se faz diferente e imponente para conquistar sua amada – ainda que sua imponência seja, no fim, não mostrar alguma sequer –, se orgulha dos bons amigos que ostenta, que precisa de algo pelo qual torcer e vibrar.
Não dá pra negar que todos temos um romance pelo qual choramos, um filme que sempre lembramos, uma canção para os momentos especiais. É fato incontestável que todo mundo se deslumbra diante da beleza natural do mundo, que quer um dia fazer alguma coisa pra mudar o rumo, que acha que noutros tempos as coisas eram melhores do que são agora.
Nas diferenças de estilos ou costumes, somos na essência iguais, ligados por esse sentimento semelhante – mas nos apegamos às mínimas diferenças para não admitir que somos tão parecidos. Todos temos, de alguma forma, o medo da morte, o sonho da vida abundante, a busca pela felicidade, a satisfação pacífica da alegria. Todos apelamos na hora da dor. Todos nós, cada um dos seres humanos, se rende e renuncia diante do amor.
É fato que todo homem precisa de Deus. Mas alguns vivem isso como se fosse a letra de um salmo em levada de samba, outros acreditam e se guiam pelas páginas do livro sagrado, tem gente que passa simplesmente sem pensar no assunto, ignorando o fato, as canções, o romance. E a essa gente do meio todos chamam de frios e insensíveis, tanto os crentes de uma ponta quanto os outros, no lado oposto da balança, que acham que isso tudo é clichê.
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