por Luiz Henrique Matos
A comodidade é um perigo que não bate à porta. Ela chega sem avisar. É duro se dar conta, num certo dia, que a aparência de felicidade e paz na sua vida é, na verdade, o marasmo. Tudo parece tão fácil, as coisas caminham bem, cada passo pode ser dado com um certo planejamento. Mas nem percebemos que estamos andando em círculos.
É um perigo.
E não se trata de alegria ou tristeza, nem de riqueza ou pobreza. Trata-se de realização. O fato é que nos deixamos levar pela vida, nos cercamos de pequenos confortos e isso, sem risco que nos amedronte, se ocupa de nos preencher.
É a rotina com aspecto de aventura. É o caminhar sobre uma esteira rolante, é viver no modo automático sem se dar conta de que nossas escolhas e atitudes – ou a falta delas – nos fazem apenas existir.
Sabe, me perdoe a ousadia, mas preciso dizer: às vezes, se tudo vai indo bem é porque algo não está bem.
Se o próximo grande passo que tenho para dar na vida é a troca do meu carro por um modelo mais novo ou decisões sobre meu trabalho, então eu me apequenei.
A vida é grande demais para eu tratá-la dessa forma. É um presente inestimável para que eu faça dele algo tão diminuto. Eu desonro o seu Autor conduzindo-a de forma tão triste.
Faço um balanço: onde estão os meus planos? Onde dormem meus sonhos? Onde guardei as aventuras, viagens, filhos e os jantares a dois que imaginei? Cadê as grandes conquistas que brotavam na imaginação e faziam valer qualquer desafio?
Vamos nos afundando. No sofá, no marasmo, no lero-lero repetitivo dos dias. E a barriga cresce, os cabelos caem, a mente atrofia. E a gente fica querendo um controle-remoto para poder mudar de canal e esquecer.
Não, isso não é auto-ajuda. Absolutamente. Não estou aqui para mudar o rumo das coisas e dizer que você e eu somos seres especiais, feitos para vencer e que se pensarmos positivamente, tudo dará certo.
Não, pode ser que não dê. As chances de fracasso são bem grandes.
Mas eu acredito – e é disso que preciso me lembrar – na esperança, na tentativa e na vocação. Creio em Deus e nos seus sonhos me inspirando e alimentando. Tenho conhecimento de que não sou suficientemente sábio para julgar que posso pensar a respeito da vida e de mim mesmo, algo diferente do que seu Criador um dia imaginou.
Quero e preciso retomar o plano inicial. Não perder de vista o propósito e viver consciente e aberto para sonhar. E alimentar velhos sonhos.
Não, de novo, isso não trata de ambição, determinação ou foco. Ao contrário, isso aqui diz respeito à entrega, renúncia e o retorno à essência, em Deus, de quem eu sou realmente.
Ser um bom marido, um pai dedicado, trocar as lâmpadas queimadas, lavar o carro, fazer planos para o futuro e para a hora do jantar. Viver o dia de hoje. Trazer o pão quente pra casa, me alimentar do pão da vida a cada dia.
Sonhar. E viver o bom sonho do homem que se realiza em seu Deus.
Voltou com tudo, hein!?
Ótimo texto, ficou lindo!
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Não gostei do seu texto…prefiro aqueles que me deixam feliz comigo mesmo!
Abraços!!!
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Bom, o Sérgio sempre me fala de você.. e eu só retomei a idéia de ter um blog com textos meus por causa dele… e sei da sua grande contribuição pro Sergio qto a isso tbm…
Este texto é muito bom, e que bom que não me encaixo nele (ainda, talvez)… sempre tento viver o menos trivial possivel, para não andar em círculos, minha labirintite não me deixa fazer isso… (brincadeira) rs
Mas vou segui-lo, há bons textos por aqui! E assim, terei mais autoridade para conversar sobre o “Missão Virtual” com o Sérgio rs
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Adriana,
Obrigado pelo comentário e pela visita. Desculpe-me pela demora em responder, mas as férias de fim de ano atrasaram uma série de coisas por aqui (meus textos, inclusive).
O Sérgio é um grande cara. Acho que, tirando minha esposa, é o crítico mais realista e sem frescuras para os meus textos. E ele nem tem ideia de quanto isso me ajuda.
Abraços
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