Foi um caderno cheio de histórias, anotações, desenhos e ideias aleatórias. A maioria ainda incompletas, fragmentos de algo com algum potencial de texto. No mínimo, memórias de um tempo a serem revisitadas no futuro.
Foi comprado em uma papelaria de rua em Roma um ano antes. Capa dura azul, folhas levemente amareladas, pautas finas e discretas. Um belo caderno (para quem se dá o trabalho de apreciar esse tipo de coisa).
Foi levado em uma outra viagem, o caderno. No fundo da mochila, ao lado de um livro de contos ainda não lido, de uma caneta quase gasta, um pacote de chicletes, lenços de papel, algum dinheiro e um passaporte. A tralha toda foi deixada no chão de uma aeronave durante o voo.
Foi encontrada molhada, a mochila. Ao fim da viagem, por motivos ainda sem explicação, o fundo de couro e toda parte de baixo estava em sopa. O chão da aeronave estava seco, a almofada da poltrona também, mas a velha mala, não.
Foi esvaziada às pressas ainda no táxi.
(continua no site do Estadão)