Um minuto de silêncio

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Um minuto de silêncio.

Diante da magnitude da vida,
da brevidade dos dias,
da insignificância do pó,
do quarto vazio,
da profundeza de cada lembrança,
da saudade.

Diante do retrato sereno,
do sol que se põe,
da doce voz que cessa,
da noite escura da alma,
da lágrima que toca o solo,
de saudade.

Diante do que não se leva,
de cada história e memória,
diante do trono do Eterno,
da voz de consolo,
do alvorecer de um novo dia,
só saudade.

Diante do que me calo,
antes,
para que Deus fale.

Descanse, vó branca. Você merece a eternidade a você reservada. E seja lá como for o céu, sei que ele ficará mais bonito a partir de hoje.

Há três anos, escrevi esse texto em que meu pai dizia que ela já estava “se despedindo da gente”. Como boa mineira, levou três anos para partir de repente.

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Aqueles pássaros

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aqueles pássaros todos
voando
com suas asas
sem limites
sem tempo

todos aqueles pássaros
apenas eles
com seus rumos
e uma jornada nessa estação
o tempo voa

aqueles sonhos todos
de uma vida toda
com liberdade e paz e felicidade
deslizando
como um sopro de Deus

apenas pássaros.

Datas

caíram dois dentes
cresceu mais dois palmos
engordou mais dois quilos
junta duas sílabas para poder ler
tu-do

quase virou mocinha a minha menina
virou menina a minha criança
virou criança o meu bebê
virou bebê aquele sonho
todo

e se cumpre
escorre pelas mãos
o tempo, a vida, o amor é plenitude
felicidade é a caminhada
toda

Redenção

por Luiz Henrique Matos

onde está?
onde se perdeu?
encontre mais uma vez
Deus
o meu coração
tome para si
sua morada

traspasse
escrutine
rasgue
o tempo
os muros
a sombra
revele a tua luz

resplandeça, Pai
brilhe teu fogo
em meus olhos
arda a tua graça redentora
em meu espírito
reine
Espírito

Solitude

por Luiz Henrique Matos

O silêncio.
Profundo e providencial silêncio.
Solitude.
Eu e minha alma.
O Espírito,
e onde posso ouvi-lo.

Oito e oitenta

Você era a menina do Seguro
Você virou a Emmanuelle
Você virou minha amiga
Você virou a Manú
Você virou a minha cabeça
Você virou a Mânu
Você virou o meu caso
Você virou minha namorada
Você virou o meu mundo
Você virou minha noiva
Você virou minha esposa
Você virou minha
Você virou a mãe dos meus filhos
Você é minha vida
E eu sempre serei seu.


Oito anos eManurado.

Chove

inevitavemente, a chuva cai.
sobre bons e maus ela cai.
e às vezes, não há muito o que se fazer nessa hora.
eu observo,
reflito,
aciono o limpador de parábrisas
e sigo em frente.

-LHM

Vida eterna


por Luiz Henrique Matos

Ainda que estejam certas as vozes que anunciam o fim, que o céu não exista e que a vida acabe no meu último fôlego.

Ainda que tudo não passe de cinzas, que o que me cabe esteja restrito a esses dias que podem ser contados e meu destino seja uma cova.

Ainda que não haja céu, que o jardim do Senhor não floresça e que a eternidade seja apenas um sonho.

Ainda que minhas lágrimas não sejam enxugadas por suas mãos, que o fardo pesado não me seja tirado das costas e eu nunca o veja face a face e me sente ao seu lado.

Ainda que tudo tenha fim, terei comigo o seu amor.

Ainda que os outros julguem ser pouco, o seu amor, Pai, eu conheci. E no último dia, no suspiro derradeiro, adorarei. E serei grato, pela vida eterna que vivi em ti.

O amor absurdo

Ele é Deus e não precisava ser fiel. Mas ele é, sempre é. Ainda que não sejamos.

Ele é Deus e não deve satisfação a ninguém. Mas ele dá. E se você não entender, ele explica outra vez em parábolas.

Ele é Deus e não precisa sofrer, porque o mundo, afinal, está sujeito ao seu poder. Mas ele sofre para nos mostrar que é possível superar a dor. Ele chora pelo amigo que morreu.

Ele é Deus e não precisaria nos dar nada. Mas ele provê, ele restaura, presenteia, abençoa, mima, agracia, facilita as coisas.

Ele é Deus e nós somos criação sua.

Ele, que é soberano e eterno, é quem se entrega e doa de si para provar a nós, seres tão pequenos e limitados, o seu amor absurdo.

Ele ama. Ele é amor.

– LHM

Minhas escolhas

por Luiz Henrique Matos

Cada manhã ao acordar, no primeiro – ou segundo – abrir dos olhos.
Cada direção em que olho. E sigo.
Cada dúvida que me martela o pensamento,
Sobre cada pensamento que me vem à mente.

Cada passo que dou,
Cada pessoa que cruzo pela rua, ou pela casa, na vida.
Cada palavra que pronuncio,
Na oração que faço…

Em cada escolha, eu só tenho uma chance de fazer a coisa certa.
Todo dia, eu preciso decidir entre o certo e o errado,
Escolher entre fazer o bem ou o mal,
Minha opção entre Deus e… eu mesmo.

Preciso escolher o que farei num instante, num piscar de olhos.
Se seguirei ou não por um atalho que me surge no caminho.
Como vou lidar com meus relacionamentos.
Como reagirei diante das tentações: do falar, aceitar, pensar, agir.

Mas a escolha, bem, ela só pode ser uma.
O caminho, só pode ser um.
O Caminho.
Estreito. Doce. E estreito.

Poema sob tempestades

por Luiz Henrique Matos

Choveu a noite toda.

Pela manhã a grama está mais verde e as pequenas árvores no quintal já parecem mais fortes, com seus frutos amadurecendo.

Os pardais já não voam como nos dias de sol, mas cantam alto, reclusos entre as telhas e galhos.

Pensando bem, é reconfortante saber que as tempestades produzem vida e nos tornam mais fortes e frutíferos.

É um consolo ver águas torrenciais caindo do céu e no meio do caos lembrar da promessa divina de que vai passar, o mundo não acabará em um dilúvio.

Versos infantis dessa minha felicidade

por Luiz Henrique Matos

Felicidade eu tenho,
Deitada ao meu lado,
Suspirando em paz,
Descansando em sonhos,
A repousar

Cabelos soltos sobre cama,
Como solta ela está,
Entregue, inocente,
Renovando a vida e o dia,
A repousar

Felicidade eu sinto,
Realizado nesse leito,
Enquanto leio, paro e olho,
A admiro e assisto,
A repousar

E sonho, ah, eu sonho acordado,
Com o filho que ela tem em seu ventre,
O futuro que seremos, dois eternos,
Ah, felicidade!
Ah, repousar!

Crescerá a criança,
De todo amor será cheia, de Deus,
E lançada como a flecha voará,
Subirá como águia, além irá pela vida,
Até pousar.

Visões

por Henrique Matos

Vejo o mundo, os céus, os animais. Sinto o vento.
E quando penso em tua grandeza, eu me espanto,
Por saber que um Deus tão grande, pode ainda ser tão próximo.

Vejo o passado, olho para trás, meus erros, pecados. Minha libertação.
E quando penso em teu amor, eu me constranjo,
Por saber que apesar do que sou e faço, Pai, ainda sou abrigado em teus braços nas manhãs.

Vejo a cruz, olho tua grandeza, sinto teu amor. Te vejo sofrer.
E quando penso em tuas razões, eu me arrependo,
Por saber que um Deus tão homem, foi capaz de viver puro e sofrer a pena em meu lugar.

Simplesmente crer

por Luiz Henrique Matos

Meu Deus, dá-me um pequeno grão, para que eu o tenha na palma da mão e vendo, compreenda então, que é necessário tão pouco.

Estou tão próximo, mas também tão longe e assim aguardo Tua resposta para poder alcançar esse chamado, olhando para o pó de minha essência.

Mestre, realizarei Tuas obras, verei Teus milagres, conquistarei a vitória e serei novo homem, não mais escravo da dor, mas cheio do Teu amor e verdade.

Terei a certeza dos que nada sabem, verei mais longe do que meus olhos alcançam, caminharei confiante em meio à escuridão sombria.

Meu Pai, dá-me, eu Te peço, para que mesmo sem nada ter, ainda assim eu consiga crer, simplesmente crer.

E vencerei este mundo, derrotarei suas aflições e conhecerei Tua grandeza, quando enfim compreender a infinitude de Ti que há… neste pequeno grão de mostarda.

“Se vocês tivessem fé, mesmo que fosse do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a este monte: ‘Saia daqui e vá para lá’, e ele iria. E vocês teriam poder para fazer qualquer coisa!” (Mateus 17:20 NTLH).

Coração novo

por Luiz Henrique Matos

Ah, seu eu não soubesse o que é amor e fosse ainda um ignorante, leigo a respeito da Palavra e livre para o pecado. Caminharia em minha inocência, errando, errante pelo mundo, seguiria escravo sem saber de quê, crente na falsa liberdade e abundante dos manjares da carne.

Ah, se Seu poder não me tivesse alcançado e meu coração cheio de sombras continuasse a não crer. Então eu não precisaria me arrepender, afinal nem saberia onde pequei, não deveria perdoar pois enfim me é prazeroso revidar o tapa que me ardeu a face e devolver com força a mentira, a traição e o ódio que preenche a alma.

Ah, se Ele não tivesse vindo, Sua história me passasse oculta e meu entendimento permanecesse alheio à Sua verdade. Eu seguiria em meu rumo cigano, amando a vaidade, louco e insano, cheio de estupor e maldades planejadas.

Ah, se esse mundo não fosse tão dividido e eu não precisasse tanto dessa porção, desse frasco, do carinho do Seu toque e o constrangimento de Teu amor. Poderia eu ficar sem pensar, dia e noite a cada instante, que daquele momento até então eu seria o mesmo, cego, perdido e sujo pecador.

Ah, Jesus, se não fosse o Teu sangue redentor. Minha vida continuaria tal, longe de esperanças, verdades e desse abraço, que me envolve, purifica e solta, para enfim conhecer a liberdade.

Ah, meu Deus obrigado, me livraste e lavaste do pecado, hoje sou limpo, novo homem em Ti nascido. Nenhum passo mais consigo dar na direção do que de Ti me afasta, pois na tábua de meu peito está gravada a verdade do Verbo Criador e arde forte a presença do Espírito, amado Consolador.

Pai, Hosana! Honra e glórias ao Senhor!

Maranata!

por Luiz Henrique Matos

Maranata! Vem Senhor Jesus!
Traga refrigério para essa terra,
Tome tua igreja para sempre,
E leve-nos para casa.

Maranata! Vem Senhor Jesus!
Conduza tua noiva ao altar santo,
Permita-nos louva-lo eternamente,
E diante de ti contemplar tua face.

Maranata! Vem Senhor Jesus!
Queremos sentir o teu abraço,
Voltar ao paraíso,
E não ver pecado em qualquer parte.

Maranata! Vem Senhor Jesus!
Queremos nos prostrar diante de tua glória,
Entrar na sala do trono,
E como os anjos te exaltar: Santo! Santo! Santo!

Meu Deus, eu sou teu

por Luiz Henrique Matos

Por onde anda o meu Senhor?
Busco, procuro, me sinto um tanto só.
Onde está o Rei dos reis?
Em meu coração quero senti-lo.

Não foi tu quem se ausentou,
Eu sei, fui eu que abandonei minha morada,
Tua morada.
Meu coração é o teu reino, ó Deus!

E mesmo só em meus sentimentos
Sei que teus pés estão sobre a terra,
Teus olhos sondam o meu interior
E tua presença me invade com poder.

Então eu clamo: voe livre Espírito Santo!
E encha minha vida com tua santidade.
Então eu chamo: venha Espírito de Deus!
E conduza os passos desse teu servo.

Minha vida está em tuas mãos,
Como águia subo em tua direção
E contigo sempre estarei, eternamente.
Amém!

Maravilhosa promessa

por Luiz Henrique Matos

Torturado, humilhado, como sofreu o meu Senhor!

Oh Mestre, sabes que eu nada sou, nada posso, nada tenho que me faça merecer seu perdão.

Meu Jesus, tu me sondas e conheces, é impossível para mim contemplar tão alto como tu.

A inescrutável decisão de descer do trono altíssimo para destronar o princípe do mal, quando os três magos puderam dizer: Nasceu! Jesus Cristo nasceu!

Me comprou, não com ouro ou prata, mas com sangue, seu santo sangue!

Tirou-me do inferno, resgatou-me da lama, tantas vezes quando nela me encharquei, abriu as portas da prisão, foi luz na minha escuridão.

Senhor, não há sofrimento que eu sinta que tu não tenhas passado, e vencido.

Nem mesmo a morte pode faze-lo calar e frear o poder que de ti emana e o faz cumprir a maravilhosa promessa que é minha esperança: Ressuscitou! Jesus ressuscitou!

Enviou teu Santo Espírito, soprando-o para que em mim vivesse Deus!

Neste mundo ao qual não pertenço, mas aqui habito para cumprir o teu querer, vivo a expectativa da promessa.

Sigo o caminho, aos tropeços e cambaleios, mas em ti firmo os meus olhos.

Senhor eu te amo e aos cantos faço ecoar minha voz, declarando: Voltará! Jesus voltará!

Senhor, me diga como

por Luiz Henrique Matos

Como posso te negar?
Cantam os anjos ao teu redor, louvando: Santo! Santo! Santo!
Canta o galo pela terceira vez ao que teu discípulo o rejeita: Não, não o conheço.

Como posso não lhe reverenciar?
Toda a multidão que se prostrará, crerá e dirá: Tu és o Senhor.
Toda a multidão que se levantou, o negou e gritou: Crucifica!

Como posso não crer no teu poder?
Rasgou o céu, desceu à Terra e viveu como homem, para sofrer em meu lugar.
Rasgaram-lhe a pele com chibatas e lança e o fizeram pagar pelo erro que é meu.

Como posso ser indiferente à tua posição?
Com tua coroa de glória, reinando sobre a Terra e contemplando a criação.
Com tua coroa de espinhos, elevado em um madeiro, sofrendo o meu pecado.

Como posso rejeitar o teu gesto?
De braços abertos para me receber, dizendo: Vem, não temas, eu te perdôo.
De braços abertos para me salvar, pendurado na cruz a dizer: Pai perdoa, ele não sabe o que faz.

Como posso não estar saciado em ti?
Bebeu o vinho e partilhou conosco do teu corpo e sangue, nos dando parte em teu reino.
Bebeu vinagre e sentiu o gosto amargo da morte e a zombaria do inimigo apontando-lhe a dor e rindo do Rei.

Como posso não te seguir?
A luz do mundo que me guia na escuridão e faz em mim resplandecer a sua glória.
A luz do mundo que se apagou e fez-se trevas o ceú em luto ao perecer da carne do Filho de Deus.

Como posso me esquecer?
Aquele dia em senti o teu toque em meu coração, me redimindo, me curando, me salvando.
Aquela tarde em que curvou a cabeça e entregou o espírito, me redimindo, me curando, me salvando.

Como posso não te amar?
Desceu-me às águas e levantou-me um novo homem.
Desceu ao inferno, pisou na serpente e ressuscitou dentre os mortos.

Senhor, como não crer?
Na vida eterna que me deste, pela graça, para sempre eu te louvarei.
Na vida que viveu, por mim tudo sofreu e com amor me chamas: filho!