Simplifiquem

“(…) Vivemos mesquinhamente, como formigas, embora conte a fábula que fomos transformados em homens muito tempo atrás; como pigmeus lutamos com grous; é erro sobre erro, remendo sobre remendo; e nossa melhor virtude tem como causa uma miséria supérflua e desnecessária. Nossa vida se perde no detalhe. (…) Simplicidade, simplicidade, simplicidade! E digo: tenham dois ou três afazeres, e não cem ou mil; em vez de um milhão, contem meia dúzia, e tenham contas tão diminutas que possam ser registradas na ponta do polegar. Em meio ao oceano encapelado da vida civilizada, são tantas as nuvens, as tormentas, as areias movediças, os mil e um pontos a levar em consideração, que um homem, se não quiser naufragar e ir ao fundo sem jamais atingir seu porto, tem de navegar por cálculo e, para consegui-lo, precisa ser realmente bom de cálculo. Simplifiquem, simplifiquem.”

– Henry David Thoreau

A eterna busca

“Criaste-nos para Vós e o nosso coração vive inquieto, enquanto não repousa em Vós.”
Santo Agostinho, em “Confissões” (Liv. I, cap. 1)

Com sua licença para republicar a frase já postada antes, há pouco mais de dois anos.

Telefonema para J. D. Salinger

“Bom mesmo é um livro que, quando a gente acaba de ler, fica querendo ser amigo do autor pra poder telefonar para ele toda vez que desse vontade.”

Holden Caulfield, em “O apanhador no campo de centeio” de J. D. Salinger

A importância do cristianismo (C. S. Lewis)

O cristianismo, se é falso, não tem nenhuma importância, e, se é verdade, tem infinita importância. O que ele não pode ser é de moderada importância.

C. S. Lewis, citado por Jorge Oliveira em seu Canto do Jó

A Terra repleta de céu

A Terra repleta de céu,
E cada arbusto comum incendiado com Deus,
Mas só aquele que vê tira os sapatos;
Os outros se sentam ao redor e colhem amoras.

(Elizabeth Barret Browning, citada por William P. Young em “A Cabana”)

Cenas domésticas: sensibilidade paterna

por Luiz Henrique Matos

Deitei com a Nina para ver um desenho na tv. Ela ali, encolhida, com a cabecinha recostada no meu peito. Momento de plena satisfação paterna e eu acreditando que, afinal, é das pequenas coisas que se fazem a vida e tal e tal.

– Filha? – falei sem tirar os olhos da tv.

Ela só me olhou com o canto dos olhos, sorrindo.

– Papai ama muito você, viu?

– Tá bom!

Não satisfeito, tocado pelo momento, emendei.

– O papai gosta muito de ficar aqui brincando com você, sabia?

Ela me olhou de novo, sorriu, voltou os olhos pra tv e comentou:

– Tá, papai. Mas não chola, tá?

(postado originalmente no Frases de Crianças)

Sou um mercenário egoísta (C. S. Lewis)

Tudo não passa de retórica vistosa sobre amar você.
Eu nunca tive um pensamento altruísta desde que nasci.
Sou um mercenário egoísta o tempo todo;
Quero Deus, você, todos os amigos apenas servindo a mim.

Paz, garantia, prazer, são as minhas metas.
Eu não consigo me arrastar um centímetro fora de minha pele;
Eu falo de amor – o papagaio de um professor pode falar grego –
Mas, preso dentro de mim, sempre acabo onde comecei.

Poema de C. S. Lewis, citado por Donald Miller em “Como os pinguins me ajudaram a entender Deus”.

Como corrigir o universo

O homem é mortal,
Pode muito bem ser verdade,
Porém morramos resistindo.
Se é o nada que nos aguarda,
Vivamos de modo que esse seja um destino injusto.

– Miguel de Unamuno, citando Senancour a seu próprio modo
em Do Sentimento Trágico da Vida

Fonte: Paulo Brabo, no indispensável A Bacia das Almas.

Duas escolhas (Max Lucado)

“Que farei então de Jesus, que se chama Cristo?” (Mateus 27:22).

Pilatos está certo em sua pergunta. “Que farei então de Jesus, que se chama Cristo?” Talvez você, como Pilatos, esteja curioso sobre este que se chama Jesus.

O que você faz com um homem que afirma ser Deus, mas odeia religião? O que você faz com um homem que se auto denomina o Salvador, mas condena sistemas? O que você faz com um homem que sabe o lugar e a hora de sua morte, mas vai até lá assim mesmo?…

Você tem duas escolhas.

Você pode rejeitá-lo. Essa é uma opção. Você pode, como muitos fizeram, chegar à conclusão de que a idéia de Deus tornar-se um carpinteiro é muito estranha – e sair.

Ou você pode aceitá-lo. Você pode fazer a jornada com ele. Você pode ouvir sua voz no meio de centenas de vozes e segui-lo.

“Duas escolhas” texto devocional de Max Lucado, publicado pelo site Irmãos.com (que reúne a maior parte dos textos do autor em português).

Cenas domésticas: Sesta

por Luiz Henrique Matos

Depois do almoço, a Nina estava descaradamente com sono.

– Papai, quero o DVD da Lola…
– A Lola e o Charlie foram dormir um pouco, filha.
– Quero o Barney.
– O Barney também está cochilando.
– Ahnf! – contrariada, esfregando os olhos.
– Nina, você sabe o que tooodas as criancinhas fazem, quietinhas, deitadas, logo depois do almoço?
– Arrãm.
– Ah, sabe? O que elas fazem?

Ela pensou um pouco.

– Bagunça!

C. S. Lewis

Fonte: Pavablog

Bom fim de semana.

Chesterton e o mistério

Enquanto se mantém o mistério se tem saúde; quando se destrói o mistério se cria a morbidez. O homem comum sempre foi sadio porque o homem comum sempre foi um místico. Ele aceitou a penumbra. Ele sempre teve um pé na terra e outro num país encantado. Ele sempre se manteve livre para duvidar de seus deuses; mas, ao contrário do agnóstico de hoje, livre também para acreditar neles. Ele sempre cuidou mais da verdade do que da coerência. Se via duas verdades que pareciam contradizer-se, ele tomava as duas juntamente com a contradição. Sua visão espiritual é estereoscópica, como a visão física: ele vê duas imagens simultâneas diferentes e, contudo, exerga muito melhor por isso mesmo.

Assim, ele sempre acreditou que existia isso que se chama de destino, mas também isso que se chama de livre-arbítrio. Assim, ele acreditava que as crianças eram de fato o reino dos céus, mas, apesar disso, deviam obedecer ao reino da terra. Ele admirava a juventude por ela ser jovem e a velhice por não o ser. É exatamente esse equilíbro de aparentes contradições que tem sido a causa de toda a vivacidade do homem sadio. Todo o segredo do misticismo é este: que o homem pode compreender tudo com a ajuda daquilo que não compreende. O lógico mórbido procura tornar lúcido e consegue tornar tudo misterioso. O místico permite que uma coisa seja mística, e todo o resto se torna lúcido.

G.K. Chesterton, “Ortodoxia”, Mundo Cristão, 2007.

Fonte: Livros só mudam pessoas, post de Thyago Coimbra.

Cenas domésticas – Herbalife

por Luiz Henrique Matos

Centro de São Paulo, rua lotada, multidões de pessoas se empilhando por todo lado e ambulantes vociferando suas ofertas de produtos piratas.

Nesse embaraço, o pai a carrega no colo já há quase uma hora. O braço cansado, a coluna pendente, as pernas fracas, o suor em bicas. Ela já tem dois anos. Ela já tem quase 15 quilos. Ela sorri. Está tudo bem.

Ela para de olhar a rua por um segundo, sonda o rosto do pai, o fixa nos olhos, passa os dedos pela barba e com os dedinhos juntos aperta-lhe as bochechas enquanto exclama sorridente:

– Gordinho!

Era só o que me faltava.

Cenas domésticas – Aniversário

Da série “Coisas lá de casa”…

Mãe: Nina, fala pra mamãe: quantos aninhos a Nina vai fazer?!?
Nina: Deeeeeezzzz!
Mãe: Não, filha, são dois… assim ó, com dois dedinhos. Conta junto com a mamãe. Depois do número 1 vem o…
Nina: Dooooooiissss
Mãe (empolgada): Isso, bebê!!! Que linda! Agora fale… quantos aninhos a Nina vai fazer?!?
Nina: Deeeeeezzzzz!!