Pausas…

Recebi esse texto na semana passada por e-mail. Quase não li, achei que fosse um powerpoint transcrito. Mas num breve momento de ócio resolvi arriscar e me surpreendi. Tanto que posto aqui, para reflexão.

Toda sexta-feira à noite começa o shabat para a tradição judaica. Shabat é o conceito que propõe descanso ao final do ciclo semanal de produção, inspirado no descanso divino, no sétimo dia da Criação.

Muito além de uma proposta trabalhista, entendemos a pausa como fundamental para a saúde de tudo o que é vivo. A noite é pausa, o inverno é pausa, mesmo a morte é pausa. Onde não há pausa, a vida lentamente se extingue.

Para um mundo no qual funcionar 24 horas por dia parece não ser suficiente, onde o meio ambiente e a terra imploram por uma folga, onde nós mesmos não suportamos mais a falta de tempo, descansar se torna uma necessidade do planeta.

Hoje, o tempo de ‘pausa’ é preenchido por diversão e alienação. Lazer não é feito de descanso, mas de ocupações ‘para não nos ocuparmos’. A própria palavra entretenimento indica o desejo de não parar. E a incapacidade de parar é uma forma de depressão.

O mundo está deprimido e a indústria do entretenimento cresce nessas condições. Nossas cidades se parecem cada vez mais com a Disneylândia. Longas filas para aproveitar experiências pouco interativas. Fim de dia com gosto de vazio. Um divertido que não é nem bom nem ruim. Dia pronto para ser esquecido, não fossem as fotos e a memória de uma expectativa frustrada, que ninguém revela para não dar o gostinho ao próximo.

Entramos no milênio num mundo que é um grande shopping. A Internet e a televisão não dormem. Não há mais insônia solitária; solitário é quem dorme. As bolsas do Ocidente e do Oriente se revezam fazendo do ganhar e perder, das informações e dos rumores, atividade incessante. A CNN inventou um tempo linear que só pode parar no fim. Mas as paradas estão por toda a caminhada e por todo o processo. Sem acostamento, a vida parece fluir mais rápida e eficiente, mas ao custo fóbico de uma paisagem que passa.

O futuro é tão rápido que se confunde com o presente. As montanhas estão com olheiras, os rios precisam de um bom banho, as cidades de uma cochilada, o mar de umas férias, o domingo de um feriado.

Nossos namorados querem ‘ficar’, trocando o ‘ser’ pelo ‘estar’. Saímos da escravidão do século XIX para o leasing do século XXI – um dia seremos nossos?

Quem tem tempo não é sério, quem não tem tempo é importante. Nunca fizemos tanto e realizamos tão pouco. Nunca tantos fizeram tanto por tão poucos. Parar não é interromper. Muitas vezes continuar é que é uma interrupção.

O dia de não trabalhar não é o dia de se distrair – literalmente, ficar desatento. É um dia de atenção, de ser atencioso consigo e com sua vida. A pergunta que as pessoas se fazem no descanso é ‘o que vamos fazer hoje?’ – já marcada pela ansiedade. E sonhamos com uma longevidade de 120 anos, quando não sabemos o que fazer numa tarde de Domingo.

Quem ganha tempo, por definição, perde. Quem mata tempo, fere-se mortalmente. É este o grande ‘radical livre’ que envelhece nossa alegria – o sonho de fazer do tempo uma mercadoria.

Em tempos de novo milênio, vamos resgatar coisas que são milenares. A pausa é que traz a surpresa e não o que vem depois. A pausa é que dá sentido à caminhada. A prática espiritual deste milênio será viver as pausas. Não haverá maior sábio do que aquele que souber quando algo terminou e quando algo vai começar.

Afinal, por que o Criador descansou? Talvez porque, mais difícil do que iniciar um processo do nada, seja dá-lo como concluído.

Rabino Nilton Bonder, da Congregação Judaica

Descontentes de si

Semeadores do Evangelho, eis aqui o que devemos pretender nos nossos sermões: não que os homens saiam contentes de nós, senão que saiam muito descontentes de si; não que lhes pareçam bem os nossos conceitos, mas que lhes pareçam mal os seus costumes, as suas vidas, os seus passatempos, as suas ambições e, enfim, todos os seus pecados.
Padre Antonio Vieira

Do blog Celebrai!

Frase: C. S. Lewis

Só existem dois tipos de pessoas no fim das contas – as que dizem a Deus: ‘Seja feita a tua vontade’; e aquelas a quem Deus diz: ‘A sua vontade seja feita.’
C. S. Lewis

Frase: A. W. Tozer

Um pouco de reflexão para começar a semana.

“O que vem à nossa mente quando pensamos em Deus é o que existe de mais importante a nosso respeito.”
A. W. Tozer

Deficiências – Mário Quintana

Um pouco de poesia para o fim de semana.

“Deficiente” é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.
“Louco” é quem não procura ser feliz com o que possui..
“Cego” é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.
“Surdo” é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.
“Mudo” é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
“Paralítico” é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.
“Diabético” é quem não consegue ser doce.
“Anão” é quem não sabe deixar o amor crescer. E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:
“Miseráveis” são todos que não conseguem falar com Deus.

– Mario Quintana

Do site do Caio Fábio.

Olhos fechados

Um dia vieram e levaram o meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.

No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunita, não me incomodei.

No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico não me incomodei.

No quarto dia, vieram e levaram-me;
Já não havia ninguem para reclamar…

Pr. Martin Niemöller, alemão, foi um opositor do nazismo, contra quem escreveu este poema

Do blog Poesia Evangélica

Frase: Borges – Argumentos não convencem ninguém

No meu entender, qualquer coisa sugerida é bem mais eficaz do que qualquer coisa apregoada. Talvez a mente humana tenha uma tendência a negar declarações. Lembrem o que diz Emerson: argumentos não convencem ninguém. Não convencem ninguém porque são apresentados como argumentos. E então os contemplamos, e refletimos sobre eles, e os ponderamos, e acabamos decidindo contra eles.

Mas quando algo é simplesmente dito ou – melhor ainda – insinuado, há uma espécie de hospitalidade em nossa imaginação. Estamos dispostos a aceitá-lo. Lembro ter lido, há uns trinta anos, as obras de Martin Buber – que considerei poemas extraordinários. Então, quando fui para Buenos Aires, abri o livro de um antigo amigo meu, Dujovne, e descobri em suas páginas, para grande espanto, que Martin Buber era um filósofo e que toda sua filosofia estava contida nos livros que eu lera como poesia.

Talvez eu tenha aceito aqueles livros porque chegaram a mim pela poesia, pela sugestão, pela música da poesia, não como argumentos. Creio que em alguma passagem de Walt Whitman a mesma idéia pode ser encontrada: a idéia de razões serem inconvincentes. Creio que ele diz em alguma parte achar o ar noturno, as poucas estrelas graúdas, bem mais convincentes que meros argumentos.

Jorge Luis Borges em Esse Ofício do Verso

Do blog A ignorância é uma escolha (via PavaBlog)

Frase: Max Lucado

A lógica diz: “cerre os punhos”. Jesus diz: “Encha a bacia”. A lógica diz: “Esmurre o nariz dela”. Jesus diz: “lave-lhes os pés”. A lógica diz: “Ela não merece isso”. Jesus diz: “Isso mesmo, mas você também não”.
Max Lucado, no livro “Ouvindo Deus na Tormenta”

O essencial

Já transferi todos os meus bens para minha família. Existe, porém, uma coisa mais que eu gostaria de oferecer a meus filhos: a fé cristã. Com ela, poderiam ser ricos, mesmo que eu não lhes tivesse dado nenhum centavo. Sem essa fé cristã, eles seriam pobres, mesmo que eu lhes tivesse dado o mundo inteiro.

Patrick Henry, político norte-americano do século XVIII

Precisamos de gente

 A necessidade mais básica da vida das pessoas é a ligação afetiva. As pessoas que se apegam a outras prosperam e crescem, e as que não o fazem, murcham e morrem. É um fato clinicamente comprovado, por exemplo, que desde a infância até a idade adulta, a saúde depende dos contatos sociais que uma pessoa tem. […] Quase todo problema emocional ou psicológico, de uma compulsão à depressão, tem como uma de suas principais causas o isolamento emocional.

Henry Cloud em “A chave do crescimento” (leia um trecho aqui)

Tristeza e angústia – Ricardo Gondim

Tristeza é um pai no corredor do hospital pediátrico; uma alvorada no cemitério; uma fila no começo do expediente da mina de carvão; um vestido de noiva na liquidação do brechó; um lamento em chinês nos escombros de um terremoto.

Contudo, só o triste percebe; só o lagrimoso enxerga; só o desconsolado acorda. Portanto, bem-aventurado o que ouve; o que sabe o antônimo de inexpugnável; o que aceita a robustez da impotência.

Angústia é um relógio que marca centésimos de segundos; um verdugo que dá instruções ao condenado do patíbulo; uma enfermeira que aplica a quimioterapia mesmo sabendo que não haverá cura; uma tia que intui notícias ruins.

Contudo, só o angustiado se reinventa; só o inquieto arroja; só o desassossegado percebe. Portanto, bem-aventurado o que luta; o que vive dependurado na palha da esperança; o que se inspira no olhar do Cordeiro.

Soli Deo Gloria.

Ricardo Gondim

Fonte: PavaBlog

Nossos legados

Bom para repensar algumas prioridades:

Nenhum sucesso na vida – ser presidente de uma nação, ser rico, frequentar faculdade, escrever um livro ou qualquer outra coisa – é capaz de sobrepujar o sucesso do homem que tem a sensação do dever cumprido e cujos filhos e netos se levantam e o chamam abençoado.

Theodore Roosevelt, 1917

Outra frase de Donald Miller

Não sei dizer porque ainda não li um livro de Donald Miller (talvez me ocupe demais aquela meia dúzia de exemplares que tento assimilar ao mesmo tempo).

Às vezes olho os céus infinitos, o universo no qual
não conseguimos ver limite, e pergunto a Deus o que signi-
fica. Você realmente fez tudo isso para nos deslumbrar? Você
realmente o mantém mudando, girando ao redor dos eixos
para afastar o tédio? Não permita, Deus, que sua glória nos
distraia. E não permita, Deus, que a ignoremos.

Donald Miller na introdução de “Fé em Deus e pé na tábua”, editora Thomas Nelson

Clique aqui para ler o primeiro capítulo.

E o Levi levantou

Texto publicado no devocional Iluminalma (recomendo), na última terça-feira.

VERSÍCULO:
“Depois disso, Jesus saiu e viu um publicano chamado Levi,
sentado na coletoria, e disse-lhe: “siga-me”.” (Lucas 5:27)

PENSAMENTO:
Depois de capturar os corações da multidão, Jesus chama um outro
discípulo, Levi (Mateus). Duas coisas são significativas sobre este
chamamento. Primeiro, Jesus chamou alguém que nenhum outro líder
religioso teria escolhido: um publicano e simpatizante romano. Para
qualquer judeu da época de Jesus, Mateus era considerado mais como
um traidor à sua herança e à sua fé. Segundo, o publicano seguiu,
deixando para trás sua profissão e sua fortuna. Este é um lembrete
poderoso de que não há ninguém que devemos considerar inalcançável
com o Evangelho e inútil para nosso Senhor.

Frases sobre religião

“Cristão é o cara que crê em Cristo; carola é o que o teme.”
Stanislaw Ponte Preta

“A verdadeira religião é a vida que levamos e não o credo que professamos.”
Louis Nizer

“Ir somente à igreja não faz você cristão mais do que ir à garagem não faz de você um carro.”
Laurence J. Peter

“Creio no Deus que fez os homens e não no Deus que os homens fizeram.”
Alphonse Karr

“A graça barata é inimiga mortal de nossa Igreja… (…) Graça barata significa justificação do pecado, e não do pecador. (…) A graça barata é a graça que nós dispensamos a nós próprios. A graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento, é o batismo sem a disciplina de uma congregação, é a Ceia do Senhor sem confissão dos pecados, é a absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, a graça sem cruz, a graça sem Jesus Cristo vivo, encarnado. (…)”
Dietrich Bonhoeffer

Respeitando as fontes, li as quatro primeiras no blog do Sérgio Pavarini e a última, do Bonhoeffer, no blog Celebrai!.

Lições de Eclesiastes

Ainda influenciado pelas lições de Salomão postadas na última semana, estou há alguns dias encarando esses versículos e tentando entendê-los. Mas não dá. Tem coisas que simplesmente são o que são e tem conclusões que, no fim das contas, só nos deixam com as mesmas dúvidas. Para quem procura por respostas, penso eu que tais frases só nos levam, uma vez mais, a uma única Verdade.

“Percebi ainda outra coisa debaixo do sol:
Os velozes nem sempre vencem a corrida;
os fortes nem sempre triunfam na guerra;
os sábios nem sempre têm comida;
os prudentes nem sempre são ricos;
os instruídos nem sempre têm prestígio;
pois o tempo e o acaso afetam a todos.”

A frase de Santo Agostinho

Em casa tenho uma estante de livros. Às vezes fico de bobeira, olhando e arrumando meus exemplares. Folheio os novos que comprei e ainda não li. Evito os mais antigos cuja leitura abandonei na metade com o compromisso de terminar em breve e que até agora não fiz. Hoje cedo, num desses momentos, folheei um clássico que surrupiei na biblioteca dos meus pais. E me deparei com isso.

“Criaste-nos para Vós e o nosso coração vive inquieto, enquanto não repousa em Vós.”
Santo Agostinho em “Confissões”

Frases de Borges

Que coisa boa é ler a verdade transcrita por uma pena tão nobre e talentosa. Foi em migalhas e frases que fui lendo textos de Jorge Luis Borges até conhecer a coleção de contos de “O livro da areia”. Desde então gosto cada vez mais de sua obra.

No último ano, em visita à sua cidade natal, comprei um exemplar original em espanhol de “El Aleph”, mas ainda não me atrevi a ler (detalhe não importante: não sei espanhol).

Bem, direto ao ponto, peço desculpas por não lembrar onde foi que achei essa primeira tradução com um trecho de “Fragmentos de um Evangelho Apócrifo”. Vale a leitura.

Feliz aquele que não insiste em ter razão, porque ninguém tem ou todos têm.
Feliz aquele que perdoa aos outros e aquele que perdoa a si mesmo.
Bem aventurados os mansos, porque não condescendem com a discórdia.
Que a luz de uma lâmpada se acenda, embora nenhum homem a veja. Deus a verá.
Não odeies teu inimigo, porque, se o fazes, és de algum modo seu escravo. Teu ódio nunca será melhor que tua paz.

Outra, que li há pouco, está no site Releituras. É um trecho do texto “Uma oração”.

A liberdade de meu arbítrio é talvez ilusória, mas posso dar ou sonhar que dou. Posso dar a coragem, que não tenho; posso dar a esperança, que não está em mim; posso ensinar a vontade de aprender o que pouco sei ou entrevejo. Quero ser lembrado menos como poeta que como amigo; que alguém repita uma cadência de Dunbar ou de Frost ou do homem que viu à meia-noite a árvore que sangra, a Cruz, e pense que pela primeira vez a ouviu de meus lábios.

Bom fim de semana!

Frases sobre o futuro

Hoje, passando o dia numa reciclagem profissional, me deparei com duas frases de pensadores da cultura corporativa, mas que no instante me levaram a pensar sobre minha espiritualidade, sonhos e futuro.

“Se você quiser ter alguma certeza sobre o futuro, trate de construí-lo.”
Peter Drucker

“O maior perigo para o sucesso no futuro é o sucesso do passado.”
Alvin Tofler

O que me levou a um outra frase, essa de um grande líder cristão coreano, que ouvi há alguns meses:

“Me diga qual é a sua visão e eu te direi aonde você vai chegar.”
Paul Yonggi Cho 

A construção das Escrituras

 

Uma citação de Borges:

Clássico é aquele livro que uma nação ou um grupo de nações ou o extenso tempo decidiram ler como se em suas páginas tudo fosse deliberado, fatal, profundo como o cosmos e capaz de interpretações sem fim. Não é, repito, uma obra que possui estes ou aqueles méritos; é um livro que as gerações dos homens, impelidas por diversas razões, lêem com prévio fervor e com misteriosa lealdade.
Jorge Luis Borges, Sobre os clássicos (1952)

E segue, o comentário do Paulo Brabo em sua Bacia das Almas. Um texto sobre a construção literária da Bíblia e as referências e interpretações cruzadas nos livros que compõem as Escrituras.

Mesmo os que asseguram que a Bíblia tem um único autor não negarão o fato de que o livro não foi escrito de uma única sentada. Fica claro que, em muitos sentidos, a composição do livro foi um processo, uma longa agonia em que o responsável por cada pequena porção deixou uma contribuição que, na maior parte das vezes, procurava não ignorar o que já havia sido dito. Os estatutos legais deitados nos livros de Êxodo e Levítico, por exemplo, são retabulados e expandidos, com diferentes ênfases, em Deuterônomio; as mesmas leis são interpretadas de maneira inusitada, mas não totalmente arbitrária, pelos profetas – mil páginas ou anos depois. A isso, que os teólogos chamam de revelação progressiva, alguns estudiosos do mesmo texto vêem como evidência de um longo processo de transmissão, adaptação e reutilização de um grupo central de tradições.

O mundo e a igreja

O mundo pode fazer quase tudo tão bem ou melhor do que a igreja. Não é preciso ser cristão para construir casas, alimentar o faminto ou curar os enfermos. Há apenas uma coisa que o mundo não pode fazer. Ele não pode oferecer graça.

Gordon MacDonald

Vem como está

Comentário de hoje do Jorge Oliveira em seu blog, o Canto do Jó. Ele cita uma frase de Philip Yancey e avalia:

Hoje também somos chamados, não a fugirmos dos “impuros e contaminados” ou de enclausurarmo-nos nas paredes da nossa “santa” igreja, mas a sermos agentes e veículos da poderosa graça de Deus, levando O Jesus que está em nós a todos. Os desanimados, os desviados, os errantes, os doentes, os toxicodependentes e todos os outros que andam moribundos nos “campos das bolotas”, são potenciais reservatórios das misericórdias de Deus. Deixemos pois Jesus tocar essas pessoas com as nossas mãos e sarar as suas dores. Juntos comeremos o banquete da graça de Deus.

Ainda ontem li uma frase que completa esse raciocínio. De Ricardo Gondim no texto Linhas Alinhavadas em seu blog:

Graça dá o que o outro não merece; misericórdia, ao contrário, não dá o que o outro merece.

Donald Miller

 

Até o último domingo, eu nada sabia sobre Donald Miller. Numa busca rápida, baixei o primeiro capítulo “Blue Like a Jazz” e, na nota do autor, li isso:

Eu nunca gostei de jazz porque é impossível defini-lo. Mas, certa noite, eu estava do lado de fora do Bagdad Theater, em Portland, e vi um homem tocando saxofone. Fiquei parado ali durante 15 minutos e em nenhum momento ele abriu os olhos.
Depois disso, passei a gostar de jazz.
Algumas vezes você precisa ver alguém amar alguma coisa antes de você mesmo conseguir amá-la. É como se a pessoa estivesse mostrando o caminho.
Eu não costumava gostar de Deus porque Deus não pode ser definido — mas só até que tudo isso acontecesse.

Novos tempos, velhas brigas

Em tempos de Dawkins empunhando sua espada de ataque à religião e das “defesas da fé” encabeçadas por alguns setores da igreja, uma frase de Donald Miller vale a leitura:

Meu mais recente esforço de fé não é do tipo intelectual. Eu realmente não faço mais isso. Mais cedo ou mais tarde você simplesmente descobre que há alguns caras que não acreditam em Deus e podem provar que ele não existe e alguns outros caras que acreditam em Deus e podem provar que ele existe – e a esse ponto a discussão já deixou há muito de ser sobre Deus e passou a ser sobre quem é mais inteligente; honestamente, não estou interessado nisso.

Fonte: Ed René Kivitz.

Faz muita falta

Os pastores devem pregar mais a Bíblia. Infelizmente, os sermões, em sua grande maioria, são tópicos. Em outras palavras, os pastores lêem o texto bíblico apenas como pretexto e dizem o que querem, geralmente sem a menor conexão com o que foi lido. As igrejas não precisam de mais superstição, mais mensagens de auto-ajuda e mais historinhas bonitinhas, mas de Bíblia. Chega de contar ilustração e testemunhos, precisamos da Palavra.

Trecho de entrevista do Ricardo Gondim para a revista Enfoque Gospel. Leia a íntegra aqui.

A grande questão

Nos últimos meses leio um livro do Philip Yancey (“A Bíblia que Jesus lia”) quase como degusto um café: em pequenas doses diárias, em momentos oportunos e raros de quietude. Em um desses instantes, encontrei a frase abaixo. Frase que não explica qualquer coisa, mas resume em alguma parte o processo de reconhecimento e encontro com Deus.

Não sei Quem – ou o Que – formulou a questão. Não sei quando foi formulada. Nem me lembro se a respondi. Mas em algum momento em disse “Sim” a Alguém – ou a Alguma Coisa -, e a partir desse momento tive certeza de que a existência tem sentido e que, por isso, minha vida, em entrega pessoal, tinha um objetivo.

Dag Hammarskjöld em “Marcas”

Devolvam!

Da lista de textos que eu gostaria de ter escrito, leio “Devolvam!”de Ricardo Gondim publicado no blog do Paulo Brabo.

“Lentamente, teólogos e exegetas, cientistas e técnicos, gramáticos e lingüistas, minaram os sonhos e fantasia dos meninos, esvaziaram a verdade dos poetas, quiseram explicar o mistério, captar a verdade, sistematizar Deus, dissecar o poema e criticar a alegoria. E conseguiram!”

Esses assassinos da beleza, no ímpeto de explicar o impossível e mapear os rumos do Espírito, deixaram o mundo mais pobre, a fé mais segura, a oração menos incerta e Deus ficou pequeno.

Agora, quem precisar de milagre, pode dispor de hábeis evangelistas que ajudam a abrir as janelas do céu; quem tiver dúvidas, pode comprar exaustivos manuais sobre Deus; quando a vida parecer ameaçadora, é possível domesticá-la, contratando profetas de aluguel.”

 

Reforma Protestante

Na última terça-feira, 31 de outubro, alguns cristãos comemoraram os 489 anos da Reforma Protestante. Um pouco do que penso sobre isso, li no texto de um dos pastores da minha comunidade. O artigo é “Marteladas em Wittemberg”, do Rui Luís Rodrigues.

Marteladas em Wittemberg

Na próxima terça-feira, o mundo protestante comemorará 489 ano do início da Reforma. Segundo a tradição, em 31 de outubro de 1517 Martinho Lutero, monge agostiano e professor de Teologia, afixou na porta da capela universitária de Wittemberg suas 95 testes, nas quais criticava o sistema penitencial católico, especialmente a venda de indulgências. De acordo com pesquisas recentes, é bem provável que esse evento (as “marteladas em Wittemberg”) seja ummito criado posteriormente. Não há provas de que Lutero de fato pregou suas teses na porta da capela; mas temos a certeza de que, pouco depois dessa data, as teses foram impressas e amplamente divulgadas nos principados alemães, provocando a revolução religiosa que dividiu o cristianismo ocidental.

Comemorar a Reforma, só de olhos e ouvidos abertos. Como estudioso da primeira metade do século XVI, cada vez fico mais convencidode que divisão radical da cristandade poderia ter sido evitada; e que, se não foi, isso se deveu em parte a razões de natureza política. Deixando de lado essa discussão, o que há para comemorar hoje? Acima de tudo, o fato de que mais do que nunca nos últimos quinhentos anos, hoje as posições católicas e portestantes encontram-se muito próximas. Na década de 1950, o teólogo católico Hans Küng defendeu sua brilhante tese de doutoramento, na qual mostrou não haver divergência entre o ensino sobre a justificação pela fé, conforme defendido pelo maior deólogo reformado do século XX (o suíço Karl Barth) e o ensino católico sobre o mesmo tema. Há poucos anos, uma comissão mista, formada por teólogo católicos e luteranos, produziu um documento no qual afrimava que as perspectivas católicas e luteranas coincidem essencialmente acerca desse mesmo assunto.

Para ver, é preciso abrir os olhos. Enquanto continuarmos a celebrar ideologiamente a “Reforma” como justificativa da divisão da cristandade, perderemos de vista que o objetivo principal dos primeiros reformadores não era a divisão. Melhor celebrar a Reforma pensando que, num futuro muito próximo, católicos e protestantes poderão dar passos cada vez mais significativos na direção da unidade. Trata-se de um dever que, como cristãos, temos diante do mundo numa era de divisões.

Radicais e extremistas

Li agora no Teologia Brasileira um novo texto do Irmão T chamado “Bem-aventurados os pacificadores!”. Ele escreve sobre a conturbada e violenta relação entre o oriente e o ocidente, também expressada no convívio entre muçulmanos e cristãos. Leia abaixo um trecho:

É triste notar que radical e extremo viraram sinônimos de violência. Cristianismo radical deveria significar exatamente o oposto: extremo amor ao próximo. De qualquer forma, concordo com a rainha em um ponto: só venceremos essa guerra através da união de cristãos e muçulmanos que verdadeiramente buscam a paz. A desunião entre os dois grupos é o grande obstáculo a ser vencido.

O texto completo no site.

A profecia de Dostoiévski

Ricardo Gondim escreve sobre o livro “Os irmãos Karamázov” de Fiodor Dostoiévski. É curioso notar como o escritor russo pôde escrever, em 1879, tão claramente sobre a realidade da igreja brasileira em nossos dias.

“O religioso ainda declara que Cristo cometera um monumental deslize ao recusar a oferta do Diabo de conquistar os reinos do mundo. Bastava que ele o adorasse por um instante e não haveria mais guerras, fomes ou injustiças no planeta. Os reinos pertenceriam a ele e a ordem estaria segura.

Ao ler Dostoiévski percebo tanto a universalidade como contemporaneidade de seu pensamento. A religião anda na contra-mão do ensino de Jesus quando promete um mundo sem percalços e sempre previsível. Quando “Os Irmãos Karamazov” foi escrito, essa teologia utilitária, que promete dourar a pílula da vida, ainda não se difundira tanto, mas foi amplamente denunciada. Jesus não quer ser amado pelo que dá, mas por quem ele é.”

 

Todo o texto no site do Ricardo Gondim.